Vivemos um tempo de ressaca criativa. E junto ao desabafo, a infeliz constatação: buscar um videoclipe que apresente algo novo implica um trabalho homérico. Tanto é assim, que já se pode perceber uma silenciosa corrida de postagens neste blog. Não foram poucas as vezes em que escutei alguém sussurrar as primeiras conclusões para uma futura publicação. Sempre olhando para os lados e certificando-se de não estar sendo observado. Ironia, não?A indústria da música produz vertiginosamente durante o ano, mas a impressão é que em poucos dias os alunos já estão começando a se acotovelar por uma mesma meia dúzia de idéias criativa. Inclusive eu. Futuros marketeiros, um mercado precisando de sérios ajustes...
Enfim, o foco desta reação não é o mundo preto e branco dos videoclipes, mas o vermelho vibrante que alguns parecem apresentar. Então, vamos ao tema. Após a epopéia de escolher algo diferente, selecionei “Túnel do tempo” de Frejat. O clipe é relativamente recente, produzido em 2004 pelas grandes Seagullus Fly e Conseqüência. Rendeu frutos estrelados aos diretores Renan de Moraes, Maurício Vidal e Flavio Mac, como o Prêmio Multishow de Melhor Clipe do ano e a indicação ao Anima Mundi.
Mas o que há de tão diferente em “Túnel do Tempo”? Minha primeira impressão, e talvez a que motivou a minha escolha, foi o antagonismo ao clássico videoclipe nacional. Parece pairar nas produtoras um gosto genuinamente brasileiro pelo “banquinho e violão”. Ou ultimamente, um palco e uma multidão. O rosto do artista ou da banda estampado na telinha como o ideal para a consolidação no pódio musical. E ponto final. Vanguardismo? Muito raramente.
Foi quebrando essa estrutura engessada que Frejat prendeu minha atenção. Com um clipe produzido completamente em 3D recebeu vantagens imediatas como poder dispensar atores. Afinal, o fantástico ainda compete ao computador. E o mágico coube neste vídeo. Pautado em uma história completamente digerível entre um homem, o próprio cantor (grande sacada!), e seu cãozinho, o espetacular acontece: um animal doméstico, quase humano, dá a lua de presente a sua namorada, é amparado por uma teia de notas musicais, chora, sente ciúmes. Conclusão: uma maneira genial de alçar vôos mais altos na produção, cortando custos de set, figurino, atores...
Quem sabe não fosse o uso da animação, a primeira quebra de expectativa não seria descartada. Aquele primeiro choque positivo que prenderá o espectador até o último frame: a escolha, em meio a um vasto leque de possibilidades, de uma relação pouco convencional para o gênero. O clichê de certa maneira já esperado em decorrência da letra era o do homem e da mulher imersos no universo romântico. Nada disso aconteceu. E claro, a saída criativa não decepcionou. Ao contrário, os espectadores passam a analisar trechos da música e correlacionar com o inédito.
E para aqueles que esperam a qualquer custo ver o cantor no vídeo. A solução foi perfeita. Frejat também atua no clipe. Na forma de desenho, é claro. Interage como personagem e cantor. E esse com certeza está entre os grandes trunfos da produção. Com a música se entrelaçando à narrativa, o espectador se questiona até que ponto é o Frejat-desenho o cantor da música ou se ela está sendo entoada no decorrer da história e o astro só a acompanha ao violão. Seja como for, é essa história inteligente que rege os acontecimentos de forma linear, dando ritmo às ações.
E acima de tudo, não há como deixar de lado o fato de “Túnel do Tempo” ser uma produção nacional. E como tal, a prova de que existe qualidade em videoclipes tipicamente brasileiros e que a ousadia pode ser muito bem-vinda.
Enfim, o foco desta reação não é o mundo preto e branco dos videoclipes, mas o vermelho vibrante que alguns parecem apresentar. Então, vamos ao tema. Após a epopéia de escolher algo diferente, selecionei “Túnel do tempo” de Frejat. O clipe é relativamente recente, produzido em 2004 pelas grandes Seagullus Fly e Conseqüência. Rendeu frutos estrelados aos diretores Renan de Moraes, Maurício Vidal e Flavio Mac, como o Prêmio Multishow de Melhor Clipe do ano e a indicação ao Anima Mundi.
Mas o que há de tão diferente em “Túnel do Tempo”? Minha primeira impressão, e talvez a que motivou a minha escolha, foi o antagonismo ao clássico videoclipe nacional. Parece pairar nas produtoras um gosto genuinamente brasileiro pelo “banquinho e violão”. Ou ultimamente, um palco e uma multidão. O rosto do artista ou da banda estampado na telinha como o ideal para a consolidação no pódio musical. E ponto final. Vanguardismo? Muito raramente.
Foi quebrando essa estrutura engessada que Frejat prendeu minha atenção. Com um clipe produzido completamente em 3D recebeu vantagens imediatas como poder dispensar atores. Afinal, o fantástico ainda compete ao computador. E o mágico coube neste vídeo. Pautado em uma história completamente digerível entre um homem, o próprio cantor (grande sacada!), e seu cãozinho, o espetacular acontece: um animal doméstico, quase humano, dá a lua de presente a sua namorada, é amparado por uma teia de notas musicais, chora, sente ciúmes. Conclusão: uma maneira genial de alçar vôos mais altos na produção, cortando custos de set, figurino, atores...
Quem sabe não fosse o uso da animação, a primeira quebra de expectativa não seria descartada. Aquele primeiro choque positivo que prenderá o espectador até o último frame: a escolha, em meio a um vasto leque de possibilidades, de uma relação pouco convencional para o gênero. O clichê de certa maneira já esperado em decorrência da letra era o do homem e da mulher imersos no universo romântico. Nada disso aconteceu. E claro, a saída criativa não decepcionou. Ao contrário, os espectadores passam a analisar trechos da música e correlacionar com o inédito.
E para aqueles que esperam a qualquer custo ver o cantor no vídeo. A solução foi perfeita. Frejat também atua no clipe. Na forma de desenho, é claro. Interage como personagem e cantor. E esse com certeza está entre os grandes trunfos da produção. Com a música se entrelaçando à narrativa, o espectador se questiona até que ponto é o Frejat-desenho o cantor da música ou se ela está sendo entoada no decorrer da história e o astro só a acompanha ao violão. Seja como for, é essa história inteligente que rege os acontecimentos de forma linear, dando ritmo às ações.
E acima de tudo, não há como deixar de lado o fato de “Túnel do Tempo” ser uma produção nacional. E como tal, a prova de que existe qualidade em videoclipes tipicamente brasileiros e que a ousadia pode ser muito bem-vinda.
Heryka Cilaberry - EC6
Nenhum comentário:
Postar um comentário