Umbabarauma, homem gol, umbabarauma, omemgou, umbabaraumaomegou. Arerê, arerê, arerê babá.
O que o clipe tem a ver com a música? Nada, e ao mesmo tempo, tudo. Cadê o tal do homem gol, o ponta de lança africano? Aquele que pula, cai, levanta, mete gol? No clipe? Ele tá lá na Europa, jogando bola, ele tá aqui, no Brasil. É filho do sol forte, do cortador de cana, das mulheres que trazem água na cabeça para o vilarejo. É um maluco que divide as latas de lixo com o cão, nasceu na miséria, e dela fez arte, pai do prazer e filho da dor. Vive no paradoxo, entre o peso do cristo e as curvas do corcovado, entre a cruz e a mulata. Numa mesma imagem, a santa de altar e a sensualidade da mulher, unidas pela vela, que as dissolve nas cores e no movimento do carnaval.
É um clipe descontínuo como a música, que mais parece um mantra do candomblé. O alquimista Jorge Ben busca o divino nas artes, mistura as raças, as culturas, à espera do elixir da longa vida, da eternidade no instante, pela intensidade. É uma alquimia musical e visual sobre o Brasil, proveta da alquimia cultural. As imagens se articulam com a batucada e o movimento constante.
Umbabarauma é um africano que é um brasileiro que é um africano que não é nada, só um ponta de lança dos velhos tempos, quando o futebol ainda elogiava o drible e a ginga.
Ciro Brito Oiticica - EC6
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Ponta De Lança Africano (Umbabarauma) - Jorge Ben Jor
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