sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Gram - Você pode ir na janela

O clipe escolhido é da música “Você pode ir na Janela” da banda Gram, feito pelo designer (e integrante da banda) Sérgio Filho (guitarrista, pianista e vocal). A escolha por esse projeto audiovisual veio primeiramente pela percepção da pequena presença de clipes nacionais apontados como bons. No entanto, desde que ele foi lançado, em 2005, até os dias atuais encontra-se na lista dos melhores clipes brasileiros. Ele é simplesmente arte, não algo passageiro. Além disso, a escolha ocorreu também pela riqueza dos detalhes.



O clipe constitui-se em um desenho animado bem carismático, uma animação sem cores que utiliza elementos estáticos (o gato só mexe o braço, a cabeça, ou a boca). Inaugura um gênero híbrido, o trágico-fofo. Ele torna a música mais acessível devido sua linguagem fácil e o bom roteiro, tem uma história linear com uma mensagem a ser passada. Dessa forma, é interessante perceber que a música é muito bem linkada com a história passada no videoclipe, apesar de não ter uma ligação direta entre imagem e letra musical.
É construída uma história de amor sem cair no comum, mesmo que paradoxalmente, já que existem alguns clichês. Como nos desenhos de Tom & Jerry, ao morrer o gato vira um anjinho e sobe tocando harpas em direção ao céu. De fato, só um desenho animado é capaz de contar uma história dessa forma, tudo muito misturado, ao mesmo tempo em que bem melancólico e emocionante, é, visivelmente, ficcional; uma mescla de realidade com fatos exclusivos dos desenhos.
Outro fator que merece destaque é a sincronia obtida entre imagem e som, por exemplo: o baterista do desenho toca no mesmo tempo da música; e, além disso, quando o gatinho se mata pela primeira vez, ele cai na hora exata em que o arranjo é mais forte. Há também uma relação imagem-letra, como no momento em que é cantado o verso “mas depois mudou de mim”, a cena é cortada para o pato na cama do gato exatamente quando é cantado “mim”.
A banda também não aparece no vídeo, isso porque eles tinham o objetivo de concentrar todas as atenções na qualidade da música, já que lançaram um disco de forma independente.
O final fica em aberto, a cargo da imaginação de cada espectador, o que pode aumentar ou diminuir a carga melodramática, dependendo do que acontecer com o gatinho.
Aline Nastari
DRE: 107386018
EC5

Um comentário:

F. disse...

"Inaugura um gênero híbrido, o trágico-fofo."

em 2005?
fofo é um gênero?