quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Oasis - The shock of the lightning
Álbum: Dig out your soul
Outubro 2008
Diretores: Julian House e Julian Gibbs
Este clipe é do recente álbum do Oasis lançado esse ano. Com temas ingleses o clipe segue a levada da música encartada por imagens que simultaneamente formam um mosaico de colagem.
Figurativo ou não, a tendência da peça é unir a banda há alguns temas históricos, de múltiplas interpretações e significados.
Thadeu dos Santos
107396372
Pearl Jam - Do the Evolution
O clipe acima é da banda Pearl Jam. É interessante notar que foi feito um trabalho muito bom na parte gráfica com uma estética muito próxima aos quadrinhos. Durante todo o clipe repete-se o refrão "it's evolution baby" (isso é evolução) contraposto com imagem de destruições atômicas, guerras e afins. A letra da música também é coerente com essa sátira da evolução tecnológica:
I'm a man (eu sou um homem)
I'm the first mammal to wear pants, yeah (eu sou o primeiro mamífero a usar calças, ié)
I'm at peace with my lust (eu estou em paz com minha luxuria)
I can kill 'cause in God I trust, yeah (eu posso matar porque em Deus eu confio)
It's evolution, baby (isso é evolução, beibe)
Ok. Como diria Jack o estripador, vamos por partes: A Banda Pearl Jam tem origem na década de 90, em Seattle, nos EUA. Ela é um dos expoentes do movimento Grunge, junto com outras bandas como Nirvana, Soundgarden, Mother Love Bone, Alice in Chains e Mudhoney. o Pearl Jam é uma das poucas bandas grunges que continuaram ativas até hoje.
A banda é formada por Eddie Vedder - Vocal, Guitarra, Jeff Ament - Baixo, Matt Cameron - Bateria, Mike McCready - Guitarra Solo e Stone Gossard - Guitarra Base.
Analisando o trecho traduzido acima, em especial a frase "eu posso matar porque em Deus eu confio", em inglês in "God we trust", frase escrita na cédula do dólar e dita por todos os presidentes até então. A critica do Pearl Jam gira em torno do belicismo, principalmente dos EUA. O que nos faz compreender a postura da banda, que tem um dos maiores públicos, é o caso ticketmaster (que monopoliza o mercado de venda de ingressos em território americano), no qual eles entraram na justiça pedindo que o ticketmaster retirasse menos lucro para abaixar o preço dos ingressos. A banda ainda colabora com causas humanitárias o que explicita o fato de serem uma banda com um dos maiores públicos.
Voltando ao videoclipe, podemos perceber que ele é um clipe com muitos cortes, e como já foi escrito, com uma liguagem muito proxima à dos quadrinhos. A construção de sentido da linguagem classica é subvertida em algumas cenas que tornam o clipe mais coeso. Como por exemplo, a menina correndo num campo verdejante, feliz e contente e pisa numa mina. O interessante é que mesmo com a generalizada quantidade de cortes, o sentido não se perde nem se confunde, toda a imagem visual é muito bem amarrada.
Espero ter contribuido de alguma forma.
Almir de Carvalho
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Breaking the Habit
ANO:2004
GRAVADORA: Warner Bros. Records
DIRETOR: Joe Hahn e Kazuto Nakazawa
O “new metal” nos trás uma banda com propostas audiovisuais um pouco distintas do comumente achado por ai. Usando e abusando de recursos eletrônicos como a animação, historias complexas e um ritmo alucinante nos acontecimentos, o Linkin Park permanece no cenário dos videoclipes de forma no mínimo destacada.
Com o clipe “ breaking the habit”, a banda propõe o estabelecimento de sentidos através de uma historia que, no seu decorrer, mostra possuir mais sentido quando contada de forma não linear em detrimento da normal, bem como na aceleração proporcional da velocidade dos acontecimentos e do cortes entre os planos, acordando com o ritmo referente à musica em questão. Da mesma maneira, lança mão de muitas cores como o amarelo e o vermelho para garantir a vida, vibração do curta-metragem; em contrapartida, não economiza nas sombras e na fumaça afim de gerar um ar misterioso ao mesmo.
Um outro recurso observado, que gera um interesse mais especifico nesse caso, (além de proporcionarem com maestria movimentos e feições humanas nos desenhos) é que, mesmo em se tratando de uma animação e, portanto, de uma estória necessariamente fictícia e fantasiosa, os músicos não se detém quanto a injetar suas próprias imagens no vídeo. Primeiramente em inserções mais efêmeras e, posteriormente, chegando a uma apresentação sobre um arranha céu , no meio da cidade, onde toda problemática é contada.
Trata-se de um clipe diferente, dinâmico, onde a cada piscar de olhos se pode perder ou ganhar uma grande variedade de significâncias e sentidos. Talvez traga um pouco de confusão pela enorme quantidade de informações “arremessadas” ao expectador, mas, ainda assim (ou seria principalmente por isso?) continua bem coerente com as propostas de suas letras e musicas...sejam elas quais forem.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Like a Boy - Ciara
Sempre suspeita para falar de dança, não pude deixar de escolher um clipe de não só uma grande cantora mas, a meu ver, de uma dançarina como poucas desse vasto mercado que é o do hip hop (e estilos adjacentes) norte-americano.
Ciara sempre inova na execução de seus videoclipes se comparada à maioria de suas concorrentes.
Indo além da tendência ao feminismo e à sensualidade, ela apresenta o que, na visão de alguém que faz parte deste estilo de dança, se aproxima bem mais do que realmente é o street dance feminino.
Neste trabalho, especificamente, ela dialoga diretamente com seu público gerando uma forte identificação. Realiza nada menos que uma imensa ruptura em relação ao machismo muitas vezes pertencente aos clipes de hip hop, expressando a revolta de grande parte das mulheres não somente em relação a isso, mas a diversas situações da vida cotidiana.
Na estética,'Like a Boy' traz figurino inovador, além dos movimentos -como já analisados- mais impactantes que o de costume.
A fotografia, como geralmente ocorre com Ciara, apresenta uma certa densidade, sem excesso de cores ou luminosidade.
Maria Penna Firme Vieira
DRE: 107429751
EC6
Ponta De Lança Africano (Umbabarauma) - Jorge Ben Jor
Umbabarauma, homem gol, umbabarauma, omemgou, umbabaraumaomegou. Arerê, arerê, arerê babá.
O que o clipe tem a ver com a música? Nada, e ao mesmo tempo, tudo. Cadê o tal do homem gol, o ponta de lança africano? Aquele que pula, cai, levanta, mete gol? No clipe? Ele tá lá na Europa, jogando bola, ele tá aqui, no Brasil. É filho do sol forte, do cortador de cana, das mulheres que trazem água na cabeça para o vilarejo. É um maluco que divide as latas de lixo com o cão, nasceu na miséria, e dela fez arte, pai do prazer e filho da dor. Vive no paradoxo, entre o peso do cristo e as curvas do corcovado, entre a cruz e a mulata. Numa mesma imagem, a santa de altar e a sensualidade da mulher, unidas pela vela, que as dissolve nas cores e no movimento do carnaval.
É um clipe descontínuo como a música, que mais parece um mantra do candomblé. O alquimista Jorge Ben busca o divino nas artes, mistura as raças, as culturas, à espera do elixir da longa vida, da eternidade no instante, pela intensidade. É uma alquimia musical e visual sobre o Brasil, proveta da alquimia cultural. As imagens se articulam com a batucada e o movimento constante.
Umbabarauma é um africano que é um brasileiro que é um africano que não é nada, só um ponta de lança dos velhos tempos, quando o futebol ainda elogiava o drible e a ginga.
Ciro Brito Oiticica - EC6
Enrosca - Sandy e Junior
A música original é do Fábio Jr., mas Sandy e Junior regravaram, e acabaram mudando um pouco não só a melodia, como a concepção da música em si. O que na voz de Fábio Jr. adquiria uma conotação extremamente sensual, aqui ganha uma idéia quem sabe até um pouco neutra. O fato da dupla ter como grande parte de seu público as crianças, talvez seja um dos responsáveis por esse fato.
No clipe, os dois cantores aparecem o tempo todo. Conforme pude analisar, o clipe em nada retrata a letra, que consiste, basicamente, em um garoto ressaltando as qualidades de uma garota, e a chamando para ficar com ele novamente. Tanto a Sandy quanto o Junior, aparecem no clipe; que as vezes alterna o foco em só um ou outro. Os dois passam todo o clipe realizando coreografias claramente ensaiadas. A coreografia, bem como os cortes de câmera, acompanham a batida da música. Cabe comentar que tanto o figurino, quanto o cenário, são extremamente futuristas - detalhe que a letra também nao menciona ou sugere.
Natasha Sierra
DRE:107429785
EC6
Goodnight, goodnight - Maroon 5
Completamente por fora do mundo dos clipes, essa terceira reação me fez sentar em frente à TV para assistir TVZ, no Multishow. Pois bem, um clipe me chamou a atenção em especial: “Goodnight, goodnight”, da banda Maroon 5.
http://www.youtube.com/watch?v=ju-4MgBznVU&NR=1
O vídeo abre mão da ordem cronológica tradicional, mas a utiliza visualmente. “Antes” e “depois” ocorrem simultaneamente, um em cada metade da tela, com as devidas identificações de “before” e “after” em suas respectivas cenas. Enquanto a música vai contando a história do casal o homem vai se desculpando pelo término, as duas situações acontecem como se uma fosse releitura da outra. Os cenários são parecidos, assim como o ângulo de filmagem, o enquadramento e os movimentos dos personagens.
No início, ainda durante a introdução da música, o cara avista a menina e vai de encontro a ela, em ambos os lados da tela. No lado “before”, ela é receptiva e simpática, enquanto no “after”, ela lhe direciona um olhar triste, vira as costas e vai embora. A partir daí, a música começa a ser cantada, com o lado “before” apresentando a história do casal, desde o início, com todo o romantismo até a briga que gera o término. Em “after”, encontramos o cara sozinho, lamentando a falta da ex-namorada, sempre com movimentos próximos aos da cena ao lado e em cenários parecidos, como se ele estivesse em um local lembrando do que já aconteceu ali, e nós vemos essa lembrança, na mesma tela. Essa idéia se torna mais presente, nos momentos em que as cenas se completam como um quebra-cabeça de duas peças, encaixando e se aproximando ainda mais.
No final do clipe, “before” e “after” trocam de lugar, lentamente, e a cena inicial se repete. Ele avista a menina e vai de encontro a ela, e o resto a gente já sabe como é... Confesso que assisti a esse final algumas vezes para solidificar minha interpretação, não estava muito segura em relação ao significado da troca de posição das cenas, mas entendo que é como se as situações tivessem girado. Elas se completam e, ao mesmo tempo, formam um ciclo.
Foi assim que o clipe de “Goodnight, goodnight” chamou minha atenção. A tela dividida, as cenas, esteticamente, parecidas, o ciclo.
Aluna: Carolina Berger
Turma: EC 5
DRE: 107329765
Step Into My Office, Baby - Belle ~
tentei ao máximo copiar o link do 'incorporar' e não consegui. segue o link da url:
http://www.youtube.com/watch?v=5YObYOHIZkk
Na esquina do indie com pop, pertinho do largo do soul e da clássica calçada do rock, encontramos uma banda escocesa chamamada "Belle & Sebastian". Com suas melodias suaves, altas referências e toques do folk, a banda se destaca por uma estética própria ao mostrar que música não é um gênero engessado, ela é experimental e anda de mãos dadas com tipos artísticos diversos, ao brincar com os instrumentos e adotar elementos do cinema e da fotografia nos seus vídeos.
Step into my office, baby é a primeira música do álbum Dear Catastrophe Waitress, lançado em 2003. O clipe, de forma bem cômica, expõe as aventuras sexuais de um limpador de janelas e segue um formato clássico de narrativa início-meio-fim. A escolha dessa música, não se dá pela originalidade [ a estória é montada a partir do refrão e o laço com a letra é frouxo ], e sim, pelo casamento entre cena e som. o elementos visuais tal como as ações do personagem aparecem sincronizados com a música. Todavia, esse compasso acaba por gerar uma dependência da letra pela imagem, isto é, a música não sobrevive sem o filme. Além disso, valendo-se do clichê, o vídeo abusa de modelos humorísticos, principalmente nas cenas que substituem momentos de sexo. A atuação escrachada aliada à uma ótima edição e ao jogo de câmera [ zoom in, zoom out e passadas de câmera com fade ] fazem de Step into my office, baby uma ótima opção de entretenimento [ mais visual do que musical ]. Outro elemento interessante, é a presença dos sete integrantes da banda como coajdvuantes da sua própria produção. O lugar de destaque é ocupado por um ator secundário, enquanto que a banda aparece como pequenos personagens em breves momentos do clipe.
Luis Eduardo Marinho Barrucho
DRE: 107329391
EC6
Como dizia aquele axé safado dos anos 90...
(e ainda por cima com 20 minutinhos de lambuja)
See you soon
TiagoM
Blink 182 - Always
A banda blink é 182 sempre foi conhecida pela sua irreverência e espírito jovem. Essa imagem se confirma na maioria dos seus clipes, que parecem ser uma ótima oportuidade para os integrantes se divertirem. Esse clipe, porém, é um pouco diferente desse estilo. Parece que nesse clipe os aspectos técnicos são mais valorizados.
O que chama a atenção logo nos primeiros segundos do vídeo é o fato da tela estar dividida horizontalmente em 3 partes. Isso causa uma série de efeitos e sensações no espectador. A primeira sensação é um certo estranhamento, uma confusão, o olho leva um pequeno tempo pra se acostumar com a proposta. Durante todo o clipe, são apenas em alguns segundos que as 3 imagens se encaixam perfeitamente formando uma imagem única na tela inteira. Embora na maior parte do clipe as 3 imagens não se encaixem perfeitamente, sempre existe uma simetria. Dessa forma sempre é possível identificar os corpos dos personagens e o ambiente que eles estão.
O clipe acontece num apartamento onde uma garota se encontra sozinha. Durante a música os integrantes da banda, que fazem o papel de personagens, vão chegando. A tela divida serve para que cada integrante fique numa, nunca dois deles aparecem juntos na mesma parte da tela. Porém, essa divisão, cada um na sua parte da tela, não é fixa, durante o clipe eles se revezam nesses espaços. Esse revezamento causa um ótimo efeito de dinamismo ao clipe, além de sempre surpreender a quem assiste. Os 3 personagens estão com a mesma roupa, exceto pela cor da gravata. Esse é mais um ponto que permite a confusão entre os personagens, quem não se liga nos detalhes, se perde.
Como temos que prestar atenção em 3 telas ficamos com a sensação que o clipe exige muito de nós, parece que o clipe é muito rápido e devemos ficar atentos para não perder nenhum detalhe. Dessa forma fica quase imperceptível o fato do clipe acontecer todo em plano sequência. Quer dizer, a cena parece acontecer sem cortes mas acontece que não é uma cena só. São exibidas pelo menos 3 filmagens ao mesmo tempo. Essas filmagens são de momentos diferentes mas que pretendem ser de um momento único. É como se o clipe tivesse vários takes e os exibisse juntos.
Eu realmente não sei como o clipe foi filmado, parece não ter sido cenas individuais porque os 3 aparecem na mesma cena, parte da tela. Além desses aspectos técnicos o clipe ainda apresenta sutilezas que talvez não tenham espaço de serem comentadas aqui,como a questão da flor e do vaso que são recorrentes no vídeo. Todos esses detalhes e criatividades me fazem considerá-lo um clipe genial, razão para minha escolha.
Philippe de Oliveira LAcerda
EC5
107 329 820
New Order – Krafty
Formado no início da década de oitenta em Manchester, o New Order era constituída inicialmente por três membros da antiga Joy Division, banda cuja carreira foi interrompida com o suicídio do vocalista Ian Curtis, em maio de 1980, aos enigmáticos 27 anos.
Os membros remanescentes deixaram de lado as melodias sombrias da Joy Division e, incorporando ritmos eletrônicos dançantes como a disco music e o eletropop, foi um dos principais grupos, ao lado de nomes como os Pet Shop boys e Depeche mode, responsáveis pela difusão mundial da música eletrônica.Em 2005, a banda lançou Waiting For The Siren's Call, um álbum que, assim como seu antecessor Get Ready, tem sua base melódica nas harmonias de guitarra, substituindo o protagonismo dos teclados presente nos álbuns anteriores. Singles como Krafty e Jetstream foram muito bem recebidos.
O videoclipe da música Krafty foi por mim escolhido por apresentar de forma leve e sincera a inocência, o desconhecimento e a descoberta de um jovem amor. Mesmo não sendo o esteriótipo, por exemplo, dos jovens brasileiros, os atores escolhidos para protagonizar o videoclipe; que não seguem um padrão de beleza pré-estabelecido, com traços não tão simétricos, muito magros e brancos; dão o traço de não perfeição e de conseqüente normalidade que acaba por tornar fácil a relação de identidade do espectador com o casal e sua respectiva história. Além dessas pontualidades físicas, a história, iniciada em uma fábrica qualquer na qual ambos esperam pelo fim do expediente, também constitui um lugar comum a partir do qual, mesmo os que nunca pisarão em uma fábrica, se identificarão.
A câmera, em constante movimento como se realizasse translações interrompidas ao redor das personagens, aliada ao ritmo da canção são responsáveis por nos levar à atmosfera proposta pelo videoclipe. Esses movimentos de câmera, no inicio, nos apresentam as personagens e sua respectiva relação. Primeiro nos é mostrado a jovem que, após alguns movimentos interrompidos ao seu redor, é mostrada olhando para o seu provável namorado, que nos aparece em um plano mais distante. Depois o contrário se executa: a câmera em movimentos ao redor do jovem trabalhando e, após alguns planos, ele olhando para sua garota. Alguns planos intercalados mostrando o relógio nos dão a clara sensação da espera dos dois pelo momento em que poderão ficar juntos de verdade, fora dali.
O história acontece toda em função do momento em que estarão os dois, a sós, na cama. Esse movimento de ir pra cama se inicia assim que o expediente termina, sendo marcado pelo momento em que as personagens tiram seus uniformes. A partir daí, a câmera continua com seus movimentos circulares, porém os dois sempre serão mostrados juntos.
Já em casa, os dois se beijam e começam a se despir. Os movimentos inseguros e os olhares fixos entre as personagens mostram a juventude e a inocência desse amor. Ao final, a cena dos dois no terraço, numa explosão eufórica pela descoberta de um novo mundo, encerra de forma apaixonante a obra.
Marcelo Dantas Correa de Sá
: 107329812
EC5
Franz Ferdinand - The Dark of the Matinee
Eu escolhi o videoclipe da música The Dark of the Matinee do grupo FranzFerdinand, pois considero esse clipe muito interessante tanto esteticamente quanto ideologicamente. O aspecto do clipe é muito tosco, existe um grande uso de computação gráfica e as coreografias dos integrantes é muito ridículo, mas considero que tudo isso foi intencional, pois a música fala um pouco de fuga dos padrões sociais e com o vídeo a banda conseguiu dar um tom mais crítico.
O clipe começa com a banda fazendo uma dança quase que robótica dando a impressão que estão ridicularizando as boybands que fazem clipes com coreografias e depois passa para a cena uma sala de aula onde podemos ver todos os jovens vestidos iguais e aparentemente entediados com a aula. Depois que acaba a aula, todos os alunos começam a fazer outra coreografia bem ridícula que dá a entender que eles agora estavam “domesticados”, ou então, dentro das convenções. E o clipe vai se estruturando dessa forma, apresentando imagens bem toscas e “dancinhas” ensaiadas para criticar os símbolos de padrões sociais que temos hoje não só no nosso cotidiano, como também na mídia.
Além de ser rico ideologicamente, com uma narrativa crítica e irônica, o videoclipe apresenta aspectos estéticos muito legais ao juntar computação gráfica com imagens reais. Existem muitas animações durante todo o vídeo e também o uso descontínuo de luz, uma hora estourada, outra fechada, também é uma característica marcante. Todos os recursos utilizados no vídeo resultaram numa experiência visual muito rica. Embora seja um pouco tosco, esse clipe acaba nos trazendo uma série de questões para a reflexão e por conta disso acaba sendo um material de altíssimo padrão.
Renata Miranda
EC5
Wes encontra uma agulha no palheiro e faz Tenenbaums; P. T. se liga e faz Magnólia.
Por isso, os primeiros clipes que me vieram à mente foram os mais manjados das listas de melhores de todos os tempos que volta e meia tinha na MTV. Não que esses videoclipes não sejam bons – é claro que são, em sua maioria –, mas todos me atingem de maneira demasiadamente racional; recebo-os de maneira analítica antes mesmo de enxergá-los por um viés mais instintivo. “Ah, esse aqui tem um tom paródico; já esse é virtuoso na maneira como é encenado”. O único clipe que desperta em mim um interesse anterior a qualquer tipo de olhar analítico – pelo menos o único que consegui lembrar – é Everybody Hurts, do R.E.M. Ainda assim, ele me parece estar muito vinculado às listas de melhores promovidas pela MTV e afins, que de certa forma acabam condicionando meu olhar. Por isso, escolher um clipe desses não me parece refletir exatamente aquilo de que eu gostaria de falar.
Assim, fui buscar no cinema as cenas de filmes que mais me interessavam, cenas em que a combinação de imagem e música tenha produzido um resultado tão eficaz quanto qualquer videoclipe. Nada mais natural, portanto, que recorrer a Wes Anderson, um de meus cineastas favoritos, conhecido, entre outras coisas, pelo esmero com que escolhe as trilhas sonoras de seus filmes – que vão desde canções indianas a versões de músicas do Bowie feitas pelo Seu Jorge. Em todos os casos, o roteiro parece ter sido escrito já com a sua trilha em mente, de tão orgânica que é a combinação. Sendo assim, uma cena de um filme de Wes Anderson me parece tão legítima como videoclipe quanto qualquer coisa feita pela própria banda, uma vez que a imagem é pensada levando-se em conta a música.
Um dos melhores exemplos desse uso é numa cena de Os Excêntricos Tenenbaums (2001) em que o personagem de Luke Wilson tenta suicídio. A fotografia azulada, a montagem rápida em diversos momentos e o aumento de intensidade da música coincidindo com o aumento de intensidade da cena – com direto a uma pequena pausa expressiva – indicam uma preocupação em fazer a imagem servir à música, ao contrário do que ocorre normalmente. E não por acaso a canção que serviu de suporte à cena foi Needle in the Hay, de Elliot Smith – música sobre o sentimento de solidão de um viciado em drogas. Numa trágica ironia, Elliot Smith viria a se suicidar menos de dois anos depois (e o irmão de Luke Wilson, Owen – co-roteirista do filme – também tentaria suicídio, em 2006).
Mesmo assim – me desculpem o alongamento, mas ele me parece necessário –, a cena d’Os Excêntricos Tenenbaums não era a ideal. Afinal, a música nem é tocada inteira.
E a resposta estava ali, o tempo todo, desde o início do período, desde as aulas sobre som e trilha sonora, nas quais, durante a discussão sobre o uso diegético e não-diegético da trilha sonora, me veio à mente uma singela cena que retratava perfeitamente essa questão. Cena que foi feita totalmente a partir de uma música, na qual imagem e som se complementam de maneira recíproca, uma extraindo o máximo de potencialidade da outra. Refiro-me a Magnólia (1999), filme de Paul Thomas Anderson. Nele, há uma emblemática cena em que todos os personagens principais do filme, mesmo localizados em diferentes espaços, cantam Wise Up, de Aimee Mann. Eles, sucessivamente, entoam um trecho da canção, a voz de cada um se fazendo ouvir junto da música original, que toca ao fundo.
Aimee Mann compôs quase todas as faixas que compõem a trilha sonora do filme. Entretanto, as músicas não foram compostas exclusivamente com esse fim: foi Paul Thomas Anderson (além de diretor, roteirista de Magnólia) que, sem saber como dar continuidade à história que escrevia, recorreu a uma canção para lhe dar a inspiração que faltava. Ouviu Wise Up, e descobriu como fazer a narrativa avançar: colocou a letra da canção na boca de seus personagens. Depois disso, ele percebeu que todo o roteiro tinha ressonâncias das músicas de Aimee Mann que ele andava ouvindo. Por isso, incluiu várias delas no decorrer do filme, depois de alguns ajustes feitos pela cantora/compositora. E Aimee, que vinha sendo rejeitada pelas gravadoras, ganhou fama e alcançou o sucesso graças ao filme.
Chegamos, então, a um dos mais representativos exemplos de integração entre imagem e música: uma colabora na construção da outra, de maneira tal que se tornam indissociáveis, são incompletas caso não andem juntas. A música só exibe toda a sua beleza melancólica na contraposição das imagens que vemos em Magnólia: se, a um instante, sentimos um sopro de esperança ao ver um velho em seu leito de morte cantar “it’s not going to stop till you wise up” (sugerindo que há possibilidade de melhora), no outro, o coração fica apertado quando um garotinho de dez anos canta o verso-espelho “it’s not going to stop, so just give up”.
E, no todo, não há como a solidão e o sofrimento individual de cada personagem ressoar no do outro de maneira tão intensa sem esse coro, esse instante de alívio na chuva, essa suspensão momentânea dos problemas para que todos compartilhem suas dores. Se a chuva cessa depois, para que eles, de fôlego renovado, retornem aos seus problemas, é apenas para que possam encontrar a redenção na parte final, a chuva de sapos, que une a todos novamente. Só a união entre a música e a imagem permite que essa redenção seja plena.
“O um é o número mais solitário”, diz uma das canções do filme. Porque, de fato, não existe um sem o outro.
Gabriel Ritter Muniz da Silva
EC6
We need a little controversy
Música: Without me
Álbum: The Eminem Show
Gravadora: Shady / Interscope Records
Diretor: Joseph Kahn
O clipe brinca com diversas áreas da televisão, como os programas do tipo “Márcia”, nos quais problemas familiares são expostos para o público, programas de auditório, shows sobre a vida das celebridades ( Elvis Presley em E! True Hollywood Story), realitiy shows e programas jornalísticos (Eminem fantasiado de Osama Bin Laden), tudo sempre através da sátira. Percebe-se então que o vídeo é cheio de intertextualidade, ou seja, várias outras atrações são citadas ou usadas como referência. Além disso, Eminem ironiza, tanto no vídeo quanto na letra da música, outros artistas do mundo pop, como Moby.
Mas acho que o diálogo principal que “Without me” faz é com a estrutura narrativa das histórias em quadrinhos. As onomatopéias, as legendas, os balões de pensamento, o figurino, o jogo de imagens e a cronologia da estória nos lembram constantemente dos comic books. Talvez, essa fosse a intenção de Eminem: se afirmar como um anti-herói através da brincadeira com o meio principal dessa “classe”, que são os quadrinhos. A controvérsia também se dá pelo fato de Eminem ser Robin, e não Batman.
Por fim, concluo que só mesmo através dos videoclipes que Eminem poderia transmitir de melhor forma a sua mensagem. Só nele é possível toda essa narrativa lúdica, pois é o vídeo que permite e possui as tecnologias de edição (aceleração de imagens, colocação de legendas e onomatopéias, entre outros), além da liberdade artística, necessárias para fazer de “Without me” um clipe de sucesso.
Martin Chris poliglota é
Estava numa baita dúvida sobre qual clipe escolher. O que mais tem é clipe maneiro e super-bem produzido. Isso não basta: teria que escolher algum que significasse algo pra mim. Foi então que me veio em mente o do Jordy, aquele cantor mirim da década de 90, loirinho, que chegou até a ir no Domingão do Faustão como estrela internacional. O hit dele fala sobre como a vida de um bebê de 4 anos é difícil. Mas, poxa, eu fui um bebê feliz, minha vida era tranqüila. Não estaria sendo honesto com os leitores deste blog, muito bem freqüentado por sinal. Tinha que escolher outro clipe.
Foi aí que me veio o estalo: minha última reação teve como tema a montagem, com foco na subversão da linha temporal como elemento essencial no desenrolar da narrativa. Achei q seria interessante encontrar um clipe que tivesse seu enredo se desenvolvendo de trás pra frente, como se fosse mesmo um filme contado pela letra.
Vieram-me logo na cabeça dois clipes: primeiro, “Sitting, waiting and wishing”, do Jack Johnson. Mas como muito pouca coisa faz sentido nesse clipe, descartei logo de cara. O segundo foi o grande sortudo, o escolhido: “The Scientist”, do Cold Play. O clipe é sensacional, meio deprimente, é verdade, mas esse é o ponto mais interessante: mesmo sendo um clipe, com pouco mais de 4 minutos de duração, envolve o espectador no clima melancólico da música.
Ao perceber que a história contada no clipe e narrada pela letra está de trás pra frente fiquei meio angustiado, querendo saber o que acontecia no final. O que no início parecia ser uma simples briga de casal toma outro rumo e o final se delineia quando Chris Martin canta “come back and haunt me”: meio macabro pra uma simples separação conjugal. “No one ever said it would be so hard” narra a cena que acaba com o suspense do clipe, quando mostra uma mulher supostamente morta. O som, melancólico por si só, ganha mais tristeza com a interpretação oficial (se é que pode haver uma) da música mostrada no vídeo.
O roteiro do clipe dialoga diretamente com uma maneira de fazer filmes consolidada, com grandes títulos como “Camisa de força”, “Ponto de vista”, “Amnésia” e “O terceiro olho”. Assim como nestes filmes, o espectador assume papel de detetive e tenta juntar as peças do quebra cabeça dado pelo clipe, pela letra da música. Além da melodia, o enredo desenvolvido durante o “filme” atrai a atenção de quem está assistindo, nem que seja por uma única vez.
Há quem não goste de ver filme repetido: para esses, vale ver de novo pela excelente música. Para quem já viu várias vezes (eu!), com certeza fica a dúvida na cabeça: como diabos o Chris Martin fez pra cantar a letra ao contrário na hora de gravar o clipe? Mais fácil andar pra trás.
Renan Sampaio
EC-5